

Capítulo 4
— Eu admiro quem abandona tudo e vai atrás de um sonho, mas preciso ser realista, Iza, não tenho essa coragem. Se eu desistir da faculdade agora pode ser pior, né?
— Nada disso de "né", essa decisão é só sua, não vou me intrometer, muito menos te convencer de nada — Iza afirmou, e eu entendia sua posição. Se ela me apoiasse em qualquer uma das duas opções que eu tinha, seguir meu desejo ou permanecer na faculdade, poderia se sentir culpada depois, se eu me arrependesse da escolha.
— Desculpe, não quis jogar nenhuma responsabilidade pra cima de você, só queria poder saber o que é melhor, o que vai me deixar mais feliz... — comentei, dando de ombros. Iza capturou meu braço e me encarou. Ao nosso redor, estudantes iam e viam com pressa; para o meu alívio, não paravam pra ouvir nossa conversa.
— Pare de caçar a felicidade, Gustavo, não é assim que você vai conseguir. Será que não entende?
Pestanejei, momentaneamente espantado com a força na voz dela. Podia ouvir um tom de raiva que não estava ali antes.
— Não importa o que você faça na vida, sempre vai existir algum problema. Temos que lidar com isso sem nos abater, esse é o desafio da vida.
— Mas, Iza...
— A felicidade não é um sentimento constante. Ninguém é feliz o tempo todo. Assim como ninguém é triste o tempo todo, ou, pelo menos, não deveria ser. Você precisa apreciar as pequenas coisas da vida e parar de reclamar de tudo. Quem sabe, assim, você perceba que, na verdade, tá todo mundo no mesmo barco, que a grama do vizinho sempre é mais verdinha, mas ele sabe a verdade sobre a própria grama e acha que a dele é super desbotada, falhada e sem graça!
— Estamos falando de grama agora? — ousei murmurar. Iza soltou meu braço e suspirou.
— Só quero dizer que... não importa o que você decida fazer, procure a felicidade dentro de você, não nas coisas ao seu redor. Só assim você vai conseguir resistir. A vida passa rápido, Guga. Não gaste seu tempo pensando em como alcançar um sentimento. Se você estiver bem consigo mesmo, ele que virá até você.
Os olhos de Iza lacrimejavam e não entendi o motivo. Afaguei o rosto dela, franzindo o cenho. A explicação não demorou pra vir.
— Eu queria que pudesse enxergar o mundo pelos meus olhos só por um momento, e você veria que ser grato pelo que já tem é a chave de tudo. E-eu sou feliz mesmo não tendo tudo que eu desejo, porque sou grata pelo que já conquistei, Guga — sussurrou.
— Me dá um exemplo, juro que estou tentando enxergar.
— Sou grata por ter sua amizade — disse, dando de ombros.
Sorri, passando os polegares pela bochecha dela.
— Mesmo eu sendo um chato?
— Sim, mesmo você sendo chatíssimo! — Riu, e a acompanhei um pouco.
— E o que você ainda gostaria de conquistar? Não consigo pensar em nada que você não seja capaz de ter ou fazer, Iza — pontuei, sinceramente. E ela não fazia ideia do quanto eu a admirava por isso.
Iza pigarreou, afastando uma mecha do rosto.
— Vou te dar só uma dica.
— Ok — falei, sorrindo e estranhando.
De repente, tudo mudou.
Izabelle avançou o rosto para o meu e fechou os olhos. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, e queria me beliscar tanto quanto queria que aquilo realmente acontecesse.
Fechei os olhos também, torcendo para ela não estar me pregando uma peça só pra me zoar. Mas Iza não era assim, não gostava de brincadeiras sem graça nem "trolagens", ela era de verdade, única e incrível.
Nossos lábios se encontraram e permaneci imóvel. Ela passou os braços pelo meu pescoço e se segurou contra mim, ficando na ponta dos pés. Sentindo a quentura da boca dela, me permiti me mover, e passei meus braços pelas costas dela para apoiá-la. Não abri os lábios, apesar da minha vontade. Eu apenas copiaria o que ela fizesse, assim não corria o risco de fazer algo errado, de ultrapassar algum limite invisível e que eu nem sabia que existia.
Iza se separou de mim um instante depois, com os olhos brilhantes e o rosto vermelho.
— Você é quem eu quero conquistar — confessou baixinho. — E não importa se você decidir sair ou ficar na faculdade, meu sentimento não vai mudar, Guga.
—Vou ficar — sussurrei. — Já decidi. E não se preocupe, estou fazendo isso por mim, sei que vou me sentir mais seguro se me formar.
Iza assentiu, segurando minha mão timidamente.
Eu, no entanto, tinha tido uma dose de coragem assim que os lábios encantados dela encostaram nos meus, então a puxei para os meus braços novamente e a beijei profundamente, como quis fazer desde que a conheci.
Nota da autora:
Segundo a OPAS, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, e essa é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
Uma das formas de prevenção é a identificação precoce, tratamento e cuidados de pessoas com transtornos mentais ou por uso de substâncias, dores crônicas e estresse emocional agudo.
Escrevi essa história inspirada pela música Girassol. Foi a forma que encontrei de tentar ajudar todos que passam por situações difíceis e que precisam de palavras de conforto.
Lembre-se: sempre há uma solução para o problema, seja ele qual for, por mais desafiador que pareça.
Espero, sinceramente, que você tenha gostado da leitura.
Se apenas uma pessoa for tocada por essa história, já terá valido a pena.

O meu propósito é escrever histórias transformadoras! ♡


Fim


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10 de setembro - Dia Mundial de Prevenção do Suicídio
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